É assim o tempo. Estica-se até ao limite do possível, não passa das marcas, volta sempre ao ponto de partida, mais coisa menos coisa. De quatro em quatro anos lá vem a necessidade de adicionar mais um dia, entre outras coisas para que o dia mais longo possa ser sempre o mesmo.
Em Lisboa, um homem morreu no Rossio, uma facada no coração. O móbil do crime terá sido o furto. Isto é mau para o Euro, disse alguém, no meio disto tudo metem-se aqui muitos gatunos, não é?. A polícia lamenta, tratou-se de um incidente isolado, Lisboa continua a ser uma das cidades mais seguras da Europa. A equipa inglesa jogou de luto - e foi para casa ainda mais de luto, mas isso é outra história. À vítima tudo isto interessará muito...
Portugal está bem de verde e vermelho. Quem é que se lembra da crise, do preço dos combustíveis ou dos impostos (já agora, Sra. Ministra, o IRS de 2002 que me cobrou a dobrar, não seria altura de pensar em devolver?). Uma onda de patriotismo varre o país. E os fabricantes de bandeiras nunca se sentiram tão bem. Até eu tenho uma na varanda. Não está do avesso nem de pernas para o ar. Está lá. Quanto ao hino nacional, sou do tempo em que se cantava nas aulas de canto-coral, em todas, o que não deixou de pesar e de fazer com que ainda me lembre da razão porque foi escrito e das palavras que cujo objectivo original terá sido levantar a moral dos portugueses contra Império Britânico que se atrevia a fazer-nos, a nós, ultimatos.
Depois queixam-se...
Primeiro fomos todos covocados, agora andamos estamos todos mobilizados. Só espero que a desmobilização seja pacífica.
Cá para mim, contrariamente ao que habitualmente sucede, este ano o dia mais longo ainda não chegou.