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'Tou que nem posso


... graças e desgraças


quinta-feira, 30 de outubro de 2003



WHAT YOU SEE IS NOT WHAT YOU GET
 
Bons tempos esses em que acreditávamos que a vida era simples e transparente. Tudo às claras.

Não se trata de um período específico na história da humanidade, mas de um tempo, uma idade inocente em que acreditamos nisso mesmo : na sinceridade, na lisura.

Crescemos demasiado depressa. Tão depressa que nos espantamos nas situações mais caricatas, com a descoberta de que “ o que parece não é”.

Os malucos, afinal não são malucos. Estão só a proteger-se.

Os mentalmente sãos, porque são excepção, afinal ficam malucos.

Os psiquiatras, afinal não o são (Vão ver são os malucos verdadeiros, que se disfarçam para proteger os malucos que não são malucos, que se fingem de malucos para fins de auto-protecção).

Resumindo:

O ex-Ministro Martins da Cruz não deu conta que era Ministro, não avisou lá em casa e esqueceu-se de se comportar como tal, deveres e haveres incluídos.
Donde, este sítio à beira-mar plantado teve um encarregado de educação diligente e preocupado, em vez dum Ministro.

A Justiça já não serve a JUSTIÇA. Serve os malabarismos dos advogados e as capacidades lúdicas de quem brinca com os papéis e as interpretações. Temos vítimas, mas não temos criminosos.

A Casa Pia ,supostamente uma instituição digna, séria, que albergava e protegia os menores, afinal explorava-os, atirando-os para a boca de um lobo ainda mais feroz do que aquele a que tinham escapado.

Vale a pena continuar?

Nada do que parece é.

A verdade é que não somos sérios. Estamos nas mãos uma cambada de malfeitores a quem confiamos os nossos destinos, e não temos a dignidade – porque mexe com o nosso conforto e o nosso bem-estar- de dizer basta, de os destituir.

Façam-se os sacrifícios necessários, mas vivamos de acordo com os princípios de justiça, seriedade e respeito que , em tempos, soubemos tão bem por no papel.


Simplesmente Maria


posted by: 1 dos 2 / 11:47
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Volta Manel, estás perdoado!
 
Vou estar em silêncio por motivos de "Deve" muito superior ao "Haver". Vou, mas volto!

Até lá, ou o Manel faz companhia à Simplesmente, ou a Maria vai ter simplesmente que falar para o umbigo dela - que é bem bonito, diga-se.

Maria - simplesmente


posted by: 1 dos 2 / 04:19
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quarta-feira, 29 de outubro de 2003



O CUSTO DE VIDA
 
OU
O CUSTO DE VIVER

Que está tudo pela hora da morte, já sabemos. São os aumentos da água, do pão, do bife, dos sapatos, do andante. Está tudo caríssimo!
É o custo de vida que é elevado.

Para lhe fazer face, compete-nos trabalhar, produzir, herdar uma boa fortuna ou jogar na lotaria.(Casar rico também dá, mas tem custos indirectos muito elevados)


Mas o que realmente tem um custo difícil de contabilizar é a própria vida : o custo de viver.

Não disse que custa caro viver. Não. A contabilização do custo da vida é que está longe de ser clara, transparente e objectiva. Não é caro, nem é barato. Tem, isso sim, muitas linhas para as duas colunas do “Deve” e do “Haver”.

Fazia este manhã um balanço sintético da minha vida. Preenchi mentalmente linhas intermináveis do ” Deve”, consciente das dívidas que tenho para com a família , os amigos e comigo mesma.

Sobressaltei-me com o número de páginas que acabei preenchendo, preocupada com o saldo final desta conta.(Também já são muitos anos de vida. Menos dos que diz o meu filho, de qualquer maneira!!..)

Mas não me preocupei só no fim. Não. Fui-me preocupando de cada vez que inscrevia um débito, de cada vez que me lembrava de um depósito antecipado, de cada vez que mudava de coluna para reivindicar um Haver.

E concluí que o custo de viver não está explícito, nem sequer implícito, no saldo final. Ele está nesta gestão constante de linhas e colunas. Na capacidade que cada um de nós tem de saber a coluna que está a utilizar em cada momento, bem como de saber viver com os seus deves e haveres.

O custo da vida está na sabedoria e na humildade com que assumimos os nossos “Deve” e a generosidade com que lidamos com os nossos “Haver”.

Dizem os livros que o ideal seria devermos aos nossos credores tanto quanto nos devem os nossos clientes.

Para os certinhos (?) desta vida, e todos aqueles que se podem dar a esse luxo, a coluna do “Deve” está a zeros e têm sempre qualquer coisa a cobrar dos outros.

Para os apaixonados do arame, deve-se muito e cobra-se sempre antecipadamente o que nos devem. É a técnica do depósito antecipado para com os outros. E a do viver por conta, naquilo que nos diz respeito.

Opções contabilísticas à parte, quero pagar: seja cash na hora, a trinta dias, ou até fazer pagamentos por conta; sem nunca fugir às minhas responsabilidades, sem nunca me comprometer para além das minhas posses.

No que me toca, quero que na minha coluna do “Haver “ possam ser inscritos o respeito, a amizade, o amor e o carinho de todos aqueles que são os meus verdadeiros credores.

Simplesmente Maria
(olhando para o seu umbigo)


posted by: 1 dos 2 / 17:50
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terça-feira, 28 de outubro de 2003



O COVIL
 
CASA
=
Aconchego (Manta nas pernas, lareira acesa )

Conforto (Sapatos fora dos pés, um duche bem quente, sofá)

Protecção ( o frio fica lá fora, bem como os olhares inquiridores)

Refúgio ( aqui só me incomoda quem eu deixo)

Paz ( a aparelhagem nunca toca muito alto...)

Tranquilidade ( o pouco tempo- sempre que há tempo- pára cá dentro)

Harmonia ( ninguém atropela ninguém. O meu espaço é meu. Fecho a porta sempre que é preciso)

O local onde sou mais eu mesma.

A minha já foi, para além de porto de abrigo, o maior motivo de estabilidade.

Porventura a vida que fui acumulando, juntamente com as tralhas de que não me consegui desenvencilhar, tornaram-na exígua e limitadora.

Senhora Arquitecta, Senhor Construtor Civil, preciso do meu cantinho de volta !



Simplesmente à procura da minha casa


posted by: 1 dos 2 / 12:27
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quarta-feira, 22 de outubro de 2003



O Filme
 
Há algum tempo atrás convidaram-me para ir ver um filme.
Aceitei, claro.
Decorriam alguns metros de fita quando me dei conta que me tinha enganado na sala… aquele não era o filme que eu queria ver, não era sequer o meu género.

Hesitei. Nem tudo me desagradava mas qualquer coisa me dizia que não ia gostar do argumento. Fiquei atenta a assistir mas com muitas reservas, pronta para me levantar ao primeiro sinal de que as minhas suspeitas estavam certas, até confirmar que a minha intuição não me enganava.

Preparei o discurso para eventualmente me justificar perante quem me tinha convidado e aguardei. No primeiro intervalo… reagi. Não! A companhia era sem dúvida agradável mas… não! Confirmavam-se infelizmente as minhas suspeitas e não era de todo em todo o tipo de filme que me agradava; demasiado pesado e do género que me iria indispor durante muito tempo, provocar-me pesadelos até.

Não quis, por orgulho talvez, dizer que tinha medo, mostrar a minha fraqueza. Quase timidamente e sem usar muitas palavras pedi que me desculpasse mas que me iria retirar. Não tive coragem para dizer tudo o que me ia na alma, de acusar quem me convidou que o não devia ter feito. Quase que chamei a mim toda a responsabilidade por não me ter apercebido por antecipação, que deveria ter sido eu a recusar o convite. Uma vez mais fui demasiado exigente comigo própria e quase deixei que fosse eu a assumir todas as responsabilidades; apesar de tudo já tinha idade suficiente para não fazer o papel de inocente, encaixei envergonhada o comentário de que com certeza tinha reparado no título, no realizador e nos actores principais!!

Abandonei assim a sala, decidida que estava a fazer o que era correcto, a proteger a minha sensibilidade, embora, confesso, com alguma pena. Fiquei algum tempo na porta, sem qualquer intenção de voltar a entrar mas ainda sem entender muito bem porquê me tinha custado tanto tomar essa decisão. Não conseguia ter raiva contra quem me tinha convidado; continuava a pensar que eu é que tinha dado a entender que me identificava com aquele filme.

Não abandonei as redondezas com a devida rapidez. Não sei se por insegurança, se por falta de alternativas,se por me sentir momentaneamente frágil, dei comigo outra vez dentro da sala. Sem perceber muito bem como nem porquê fui-me sentindo lentamente conduzida ao meu lugar; era ainda o mesmo, ligeiramente afastado dos restantes, em que eu podia ver sem ser vista.

Desta vez sabia que não era o meu filme; era o filme possível. Resolvi descontrair. Afinal o que é que podia acontecer de pior? Voltar a levantar-me e ir-me embora quando o enredo começasse a complicar-se demasiado para aquilo que eu poderia aguentar. Desta vez ia preparada, já não era apanhada de surpresa e enquanto não me incomodasse ia podendo desfrutar de alguns bons momentos de arte cinéfila. Aprendi rapidamente a fechar os olhos quando havia alguma ameaça de cenas que não me agravam e assim se foram passando mais alguns metros ou talvez até quilómetros de fita que de alguma forma me ajudavam a preencher algum vazio que tinha vindo a sentir dentro de mim. A companhia continuava a ser agradável; embora os lugares estivessem estrategicamente afastados, dava para ir ocasionalmente trocando algumas impressões e comentários. Fui-me deixando ficar no recato daquele lugar e até comecei a tirar algum gozo disso; apesar de tudo estava à vontade para me mexer ou levantar quando me apetecesse, sem incomodar ninguém. Mais importante de tudo, a saída estava mesmo ali ao lado, bem sinalizada, como mandam os regulamentos.

O filme já ia adiantado mas ainda iam entrando alguns retardatários. Entraram bastante tarde e como tal não se aperceberam que tipo de filme era aquele; ou pelo menos não estavam a assistir com os mesmos olhos com que eu me tinha envolvido. Como tal, estavam sintonizados noutra onda, estavam ali de passagem e apenas para passar alguns bons momentos. O meu lugar ficou assim rodeado por mais pessoas que, alheias aos meus receios emocionais, perturbavam inconscientemente o meu sossego e às vezes até mesmo o campo visual do caminho de fuga.

Achei que era grosseria da minha parte estar constantemente dizer-lhes “schhhh…. pouco barulho” e era impossível deixar de ouvir os comentários que iam trocando entre si. Eles já tinham lido e ouvido muito mais do que eu sobre o guião do filme; alheios às razões dos meus medos, não podiam aperceber-se do efeito que produziam em mim os comentários que iam soltando. Começou a ser por demais evidente que o enredo se iria complicar e que eu não tinha de facto estômago para ficar a assistir até ao fim. A minha decisão de, se já que tinha comprado o bilhete ficava para ver até ao fim, esfumava-se…!

Levantei-me e… vim embora!

Maria - simplesmente



posted by: 1 dos 2 / 12:24
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terça-feira, 21 de outubro de 2003



Manuela,vamos apertar o cinto?
 
Vamos lá. Tens todo o meu apoio.
Mas já que o temos que fazer, façamo-lo bem:
Apertemo-lo à volta do pescoço, para acabarmos com a decadência que tomou de assalto este nosso sítio.

Acho que ainda vamos a tempo de escolher.
À volta do nosso , de vergonha.
À volta do dos outros que nos enxovalham a existência.

Façamos um referendo, porque eu, pessoalmente, já sei à volta de quais vou apertar, retirar o banco e deixar suspenso. Para amaciar as carnes...

Simplesmente farta


posted by: 1 dos 2 / 10:45
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Não há cú que aguente
 
Excepto, talvez, o do Cortés

Até rima, e se calhar é verdade.

Tenho que reconhecer que alguns ainda aguentam. E aguentam muita coisa.

Este aguenta muito.

Aguenta um palco e centenas de pares de olhos cravados nele.

Aguenta um fato preto, um diabólico fato vermelho cujo casaco é sedutoramente levantado para o deixar exposto num movimento mais sensual, outro fato preto com sapatos brancos, umas calças coladas e um casaco leve sobre um tronco nu, e até um chapéu preto.” You can leave your hat on!”

Aguenta a desinibição desenfreada das mulheres que lhe atiram para o palco um “Guapo!”, ou um mais directo ”Espero por ti lá fora!”( No meu tempo, não era nada disto...)

Aguenta ser alvo das atenções em detrimento das mãos, essas sim, senhoras do espectáculo.

Aguenta umas pernas que não param durante uma hora e meia de dança intensa.

Aguenta ser tratado como outro qualquer que se expõe única e exclusivamente.
By the way…
Minhas senhoras, striptease é mesmo na Passerelle. Não precisam de esperar a vinda anual do Joaquin para libertar as hormonas. Ao vosso dispor semanalmente nesta pacata cidade, outros que aguentam isso mesmo. Serem cobiçados.
Convenhamos que parece mal : o rapaz é bailarino, dança, por Dìos, e só faltou gritar-lhe:
“Tira, tira!”, quando ele ficou em camisa.

Aguenta, sobretudo, um ego maior que a linha do Metro que vai ligar a Trindade ao Aeroporto Sá Carneiro ( “Só depois do Euro, e lá para o fim de 2004”, confirmou o Major).

Um ego que o atira para a boca de cena e o faz deslizar duma ponta à outra do palco ao som duma plateia inebriada.

Um ego que lhe alimenta o sorriso malicioso e seguro cada vez que provoca o seu público.

Pois se há um que aguente, este é certamente,
E não há muitos que aguentem assim... ( onde é que eu já ouvi isto?)

Pela parte que me toca...
Eu cá gosto de um que aguenta uns bons apalpões.


A César o que é de César!

PS- Já sei, Mosquinha, já sei...A “gaija” passou-se...

Simplesmente Maria ( Olé)


posted by: 1 dos 2 / 10:14
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segunda-feira, 20 de outubro de 2003



Portugal?
 
Portugal?O que é isso?

Como diz o meu amigo Alfredo, não é um país.É um sítio.

Depois de folhear o jornal esta manhã, e de passar em revista as notícias e crónicas do fim-de semana televisivo, só me resta dizer:

"Rais ta parta, estupor de Alfredo. Tens razão!"

Simplesmente Maria


posted by: 1 dos 2 / 19:30
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Carnet de endereços
 
Ou como seria fácil a nossa vida , se ao mesmo tempo que compramos o iogurte, o desodorizante,e o Ajax multi-usos, pudessemos meter no carrinho do supermercado o perfil ideal.

Fosse ele do(a) amigo(a), do(a) colaborador(a) ou do(a) companheiro(a).

E vê tu bem, Maria, o cuidado que eu ponho no alcance das minhas palavras. É que não os há nas prateleiras do Supermercado. Nem eles, nem elas. O que equivale a dizer que não são produto para consumo de massas, nem há excedente de produção. Aliás, a produção é tão escassa, que não chega às lojas de grande distribuição. Fica-se mesmo pela oferta a alguns benditos e abençoados particulares.

Dito isto, passo a explicar a inutilidade dos carnets de endereços.

Ora os livrinhos de endereços são muito bons, mas :

1. Vamos sempre acrescentando novos participantes, mas não actualizamos os existentes

2. Ao fim de alguns meses não sabemos qual é o João casado com a Margarida, o João de quarentena, ou só o chato do João

3. Quando tentamos telefonar para restabelecer o contacto, já mudou provavelmente de operador telefónico ou, no mínimo, de estado civil

4. O interesse que nos levou a anotar o contacto, diluiu-se nos barris de cerveja que ele bebeu entretanto.

5. A disponibilidade que ele tinha há dois meses, é isso mesmo: tinha. Porque agora arranjou uma namorada em Lisboa, ciumentíssima que não o larga ( pudera, com a falta que há para aí!..)

Por todas estas razões não esperes milagres com o meu livro de endereços. É que a espécie humana refina com a idade: o bom e o mau. Os maus ficam piores e os bons, muitaaa bons!E o nosso grau de exigência aumenta. O que nos servia, porque tínhamos muita vida para viver, já não nos satisfaz porque valorizamos enormemente os nossos tempos e sabemos cada vez melhor o que queremos.

Contentarmo-nos com a terminação, sem jogar para a sorte grande?

Nã!

Continuemos a apostar, porque ela sai todas as semanas, e como diz alguém que eu conheço:

“Existe por aí o par desta minha chinela”.



Simplesmente moi


posted by: 1 dos 2 / 19:21
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sexta-feira, 17 de outubro de 2003



Com todo o respeito
 
Correndo o risco de ser conotada com outro tipo de mulher, com o qual, honestamente, não me sinto de todo identificada - if you know what I mean - depois de agradecer o contibuto precioso e oportuno da minha antónima Maria, e enquanto ganho fôlego para o próximo artigo, queria só perguntar, a propósito de uma passagem, que diz:

"...Com todo o respeito que me merece a raça bovina, bois serão sempre bois.
Tal como homens, serão sempre homens.
São cada vez menos ,”pero que los hay, hay”..."


Eu também ainda acredito que sim, mas... não terás por acaso aí à mão os endereços, não?

Agradecida


Maria - simplesmente


posted by: 1 dos 2 / 19:13
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Semelhanças entre o gado e os cereais
 
Encontrei à minha frente, e de novo, a página em branco.

Branco, mas não por muito tempo, porque a Maria Simplesmente resolveu passá-la a cinza claro.

Requisitos estéticos de quem se dedica às artes. Pelo menos que alguém o faça, porque como costumo dizer:

-“Eu é mais conteúdo. A forma...tem dias!”

Mas que está bonito, está. Obrigada Maria.

E como forma de agradecimento, deixa-me acrescentar à tua lista de bois uma categoria sempre presente e de que inexplicavelmente te esqueceste : os híbridos.

( Como o milho,’tás a ver? )

São casados sim, mas não pretendem continuar com a legítima e esperam uma oportunidade para dar o salto. Estão em quarentena relativa.

São os que se assumem casados, mas não são felizes: pobrezitos. Ainda continuam casados, sobretudo porque é mais barato manter uma casa, do que duas. E porque, convenhamos, isto de chegar a casa e encontrar as camisas passadas a ferro no armário tem as suas vantagens.

Mas estão expectantes, ansiosos. Aguardam a surpresa do amor, o folêgo de uma nova paixão . Só não percebi ainda é se eles acreditam sinceramente no que dizem, ou se só nos querem convencer a nós.

Deve haver candidatos nas duas categorias. O resultado prático é que é quase sempre o mesmo. Se a potencial candidata ( gira, inteligente, interessante, loira de preferencia ) não der seguimento às pretensões do dito (entenda-se : não passar do almoço ao jantar),
a ansiedade e a premência desaparecem e as camisas lá continuam a ser colocadas a tempo e horas no armário.

Se por acaso a candidata for um pouquinho mais loira do que é desejável, e lhe disser “amen”, podem ter a certeza que o mais provável é que ele continue a ir ao mesmo armário todos os dias de manhã buscar a camisa lavada e passada.

É que, entretanto, pensou nos filhos, na dor que vai infligir à pobre coitada da legítima – "coitada, ela não merece" – ou então – "ela está a chantagear-me e não me deixa ver os meus filhos" e "eu sempre assumi as minhas responsabilidades".

Minha querida, como te pudeste esquecer desta categoria tão notável? São os mais perigosos, e os que causam normalmente danos irreparáveis. Despertam qualquer instinto maternal, e deixam-nos a falar sozinhas. Esqueceram-se de crescer há muito tempo, acreditam em milagres e normalmente, para eles, o mundo resume-se ao seu mais ou menos bonito( dependendo da habilidade da parteira que os pôs no mundo)
umbigo.

Com todo o respeito que me merece a raça bovina, bois serão sempre bois.

Tal como homens, serão sempre homens.

São cada vez menos ,”pero que los hay, hay”.

Simplesmente Maria



posted by: 1 dos 2 / 16:14
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Os “boys” pelos nomes
 
Finalmente.
Finalmente vou falar sobre a condição do ser mais flagelado da nossa sociedade:

Mulher - condição primeira
40anos - mais coisa menos coisa
divorciada – não pode ser solteira, tem que ser mesmo ex-casada
sem filhos - não importa porquê
mediamente inteligente – se for completamente burra não serve
mediamente cultivada – embora se chame a isso ter um curso superior!
casa própria - e sem outros residentes
independente – em todos os sentidos

E vou falar delas a propósito de quê? perguntarão… Exactamente, acertaram!! A propósito de homens…!! Correcção: ALGUNS homens, que deus ainda existe!

Chegou o momento de me dar a mim própria o direito – justamente adquirido – de chamar os “bois pelos nomes” – não desfazendo…! –

Chega de fazer de conta que é tudo simples e linear e que com estes “atributos”, fácil e rapidamente vão encontrar o “mecinho” adequado para manter um relacionamento mais ou menos duradouro – sim, que chegada esta idade já aprenderam que o “príncipe encantado” é um mito – que vão facilmente voltar a experimentar o conforto dum ombro amigo que simultaneamente preencha o nosso outro eu, que cuide daquilo tão importante que é o nosso lado emocional, amoroso, físico, em suma, do nosso equilíbrio. Pois bem, na dura realidade, nem sempre o que parece é e o que é nem sempre parece.

Deparam-se pelos menos dois tipos de “predadores” na selva que é o mundo destas mulheres. São eles:

homem com compromisso assumido perante outrém – no sentido lacto do termo de homem casado–
e
homem em período de quarentena – leia-se homem entre duas relações que este não é feito para viver sozinho por muito tempo

Antes de mais, um comentário: não há pachorra, nem para um nem para outro. Aliás, como tudo que é previsível, uma chatice!

Como comecei por dizer, 8 anos desta “condição de mulher” é curriculum mais do que suficiente para me sentir justificada na minha falta de pudor em leccionar. Apenas falo, repito, do que me limitei a observar. Desvalorizem portanto a inerente arrogância nas minhas observações, mas é que …já não há cú que aguente!!!

A minha primeira constatação que tinha passado a aderir a esta – nova para mim na altura – condição, apanhou-me de surpresa e logo em seguida a abandonar o uso da aliança no dedo. Embora nova, já não era assim tão jovem, ou seja, se fosse casada, era ainda uma mulher nova; se fosse solteira já teria direito ao cognome de solteirona. Desfeito o equívoco – desculpe, é solteira? sim, bem de facto sou divorciada – a coisa muda de figura!

Hum! Se já foi, quer dizer que não anseia necessariamente por ser de novo, deve sentir falta daquilo que teve e agora não tem… E sem saber como nem porquê o convite para o almoço é transferido para um jantar!

Facto curioso, normalmente são pessoas interessantes, amigos ou conhecidos de amigos e conhecidos comuns, por quem toda a gente nutre grande simpatia, quer pelo indivíduo quer pelo casal, por quem inclusivamente mostrámos simpatia e vontade de manter contacto, que isto de conhecer gente interessante não acontece todos os dias.

Em momento algum, faz parte do quadro, omitem que são casados. Pelo contrário, falam abertamente da respectiva e, em caso disso, dos rebentos que são sempre o orgulho de qualquer pai. Acham assim que estão a ser profundamente honestos, que já lá vai o tempo em que os homens faziam deslizar estrategicamente a aliança para o bolso. Os tempos mudaram, querem deixar bem claro que não têm qualquer intenção de pôr um casamento estável em causa, apenas gostam, como homem-tipo que são, de dar um bocadinho de “côr” à vida, ou seja, ir para a cama com outra não é ser infiel à mulher. Pois se é dela que gostam e é com ela que querem continuar, estes “fait-divers “ são exactamente para espantar a rotina que, essa sim, mata um casamento!

Nota importante: todas estas afirmações que acabei de explanar, não são explicitas, são apenas e unicamente implícitas. Tudo se desenrola com a maior elegância e boa educação, não faltando o elogio sempre pronto – devem ter lido algures que mulher adora mesmo é que lhe digam que é linda, inteligente, elegante e charmosa –.

Em jeito de conclusão, resta-me acrescentar que normalmente são situações que dão algum trabalho a esclarecer, exactamente porque na maior parte das vezes não há lugar a esclarecimentos; seria demasiado explícito e porque só há uma forma de dizer a coisa, iria constrangir terceiros ou até futuros encontros em eventos sociais. E assim, lá teremos que ir deixando aqui e ali sinais, mensagens igualmente codificadas, como que “não estou a perceber nada”, “are you talking to me?”, “Quem, ieu?

Se ficarem clientes desta minha tão amarga – mas lúcida, vos garanto – forma de ver o “nosso” mundo, não percam o próximo episódio do

Homem em período de quarentena

Agora estou cansada e além disso tenho que pensar como é que me vou ver livre duma!


Maria - simplesmente


posted by: 1 dos 2 / 02:58
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sexta-feira, 10 de outubro de 2003



Poucos mas bons
 
Quem quiser que enfie a carapuça...

A nossa"mosca" é mais assídua do que 2 de nós 3. Não que esteja a apontar o dedo a ninguém, que a mim ensinaram-me que apontar é feio!

Nunca ouviram dizer que isto do público é como tudo na vida, é preciso alimentar?

Quem quiser que enfie a carapuça... e vão ao e-mail. Como eleita para "a nossa melhor leitora" transcrevo aqui só uma parte. Sim, porque eu também tenho que trabalhar!

É Fantástico!

Eu nem sabia que havia uma forma de saberem quantas visitas tiveram, o tempo que elas demoraram, enfim…. Toda aquela informação.

E o que tem mais graça é que eu descobri isso, porque vos visito regularmente, nem que seja para saber se há novidades. Mas as minhas visitas são daquele género “deixa cá ver se há mais…” se não há, sorrateira como entrei, saio. Pensava eu que era sorrateira. Mas afinal, vocês têm um porteiro que é uma fera. Além daquelas médias todas, também podem ficar a saber “quem foi”?

Sabem, a realidade é que eu gosto de saber coisas dos meus amigos, nem que seja aquelas coisas que eles acham que não me vão interessar nada (essa parte até é, ás vezes, a que me interessa mais). Interessa-me. Só que nem sempre é quando quero, muitas vezes é quando posso. È claro, confesso, que gosto mais de estar atenta quando tenho essa disponibilidade, do que gostaria que me estivessem (não vós, Toda a gente) sempre e permanentemente a bombardear. Isso seria patológico. Da minha parte e da parte de quem o fizesse. Mas esta coisa dos “blog” é o máximo. È como olharmos para os amigos (lá para dentro, salvo seja), com tempo, com a atenção devida, mesmo quando eles nem reparam, nem sabem. È giro!


Obrigada, Mosca. Vou tentar manter a regularidade. Mas podes sempre deixar a tua "Graça e Desgraça". É só clicar!

Maria - simplesmente


posted by: 1 dos 2 / 01:00
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terça-feira, 7 de outubro de 2003



O meu carteiro é melhor do que o teu!
 
Na rua onde eu moro, ainda acontecem coisas assim; por serem raras hoje em dia, acho que devem ser valorizadas.

Por mistérios que nem vale a pena tentar desvendar, as caixas de correio localizam-se no pátio comum a todos os moradores do condomínio e sem acesso à minha porta que se localiza na rua contígua. Não adiantou de muito introduzir uma chapa cartas na minha porta; a minha correspondência vai invariavelmente para “o monte”, e já é motivo de chacota com o vizinhos quando me vêem sair em direcção ao pátio com um saco: “Ah! Hoje vais à tua caixa”. Como não se localiza, como era suposto, no percurso de acesso à minha casa, esqueço-me sistematicamente de verificar se alguém me escreveu.

Ontem, eram 9h da manhã quando ouvi a campainha da porta. –“Só pode ser alguém para chatear” - pensei enquanto sentia que o dia ainda não tinha começado para mim, habituada que estou a não falar com ninguém enquanto espero os efeitos da cafeína matinal.

O segundo toque, mais insistente, obrigou-me a reagir – “se for para pedinchice, leva um corrida que tão cedo não volta aqui!”. E foi com maus modos que rosnei pelo intercomunicador

- Quem é?
- Correio.
E antes que eu tivesse tempo para dizer qualquer coisa, adiantou:
- Tem aqui uma carta registada; e olhe que parece ser importante, deve ser o IRS. A senhora está a descansar?

(reparar bem para a delicadeza da expressão; não disse “está deitada” ou “ainda está a dormir”, disse “está a descansar”)

- Sim, mas desço já…
- Não é preciso, eu deixo aqui na sua porta.
- Então e eu não tenho que assinar?
- Eu assino, deixe-se estar. Como já vi que está em casa, eu assino, deixe-se ficar a descansar.

Não o conheço, nem sei se é gordo ou magro, alto ou baixo, não tenho como lhe agradecer o gesto. Só espero que ele ainda me tenha ouvido dizer:

- O senhor não é carteiro, é um anjo!

Maria - simplesmente


posted by: 1 dos 2 / 13:22
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