Bons tempos esses em que acreditávamos que a vida era simples e transparente. Tudo às claras.
Não se trata de um período específico na história da humanidade, mas de um tempo, uma idade inocente em que acreditamos nisso mesmo : na sinceridade, na lisura.
Crescemos demasiado depressa. Tão depressa que nos espantamos nas situações mais caricatas, com a descoberta de que “ o que parece não é”.
Os malucos, afinal não são malucos. Estão só a proteger-se.
Os mentalmente sãos, porque são excepção, afinal ficam malucos.
Os psiquiatras, afinal não o são (Vão ver são os malucos verdadeiros, que se disfarçam para proteger os malucos que não são malucos, que se fingem de malucos para fins de auto-protecção).
Resumindo:
O ex-Ministro Martins da Cruz não deu conta que era Ministro, não avisou lá em casa e esqueceu-se de se comportar como tal, deveres e haveres incluídos.
Donde, este sítio à beira-mar plantado teve um encarregado de educação diligente e preocupado, em vez dum Ministro.
A Justiça já não serve a JUSTIÇA. Serve os malabarismos dos advogados e as capacidades lúdicas de quem brinca com os papéis e as interpretações. Temos vítimas, mas não temos criminosos.
A Casa Pia ,supostamente uma instituição digna, séria, que albergava e protegia os menores, afinal explorava-os, atirando-os para a boca de um lobo ainda mais feroz do que aquele a que tinham escapado.
Vale a pena continuar?
Nada do que parece é.
A verdade é que não somos sérios. Estamos nas mãos uma cambada de malfeitores a quem confiamos os nossos destinos, e não temos a dignidade – porque mexe com o nosso conforto e o nosso bem-estar- de dizer basta, de os destituir.
Façam-se os sacrifícios necessários, mas vivamos de acordo com os princípios de justiça, seriedade e respeito que , em tempos, soubemos tão bem por no papel.