Ou como seria fácil a nossa vida , se ao mesmo tempo que compramos o iogurte, o desodorizante,e o Ajax multi-usos, pudessemos meter no carrinho do supermercado o perfil ideal.
Fosse ele do(a) amigo(a), do(a) colaborador(a) ou do(a) companheiro(a).
E vê tu bem, Maria, o cuidado que eu ponho no alcance das minhas palavras. É que não os há nas prateleiras do Supermercado. Nem eles, nem elas. O que equivale a dizer que não são produto para consumo de massas, nem há excedente de produção. Aliás, a produção é tão escassa, que não chega às lojas de grande distribuição. Fica-se mesmo pela oferta a alguns benditos e abençoados particulares.
Dito isto, passo a explicar a inutilidade dos carnets de endereços.
Ora os livrinhos de endereços são muito bons, mas :
1. Vamos sempre acrescentando novos participantes, mas não actualizamos os existentes
2. Ao fim de alguns meses não sabemos qual é o João casado com a Margarida, o João de quarentena, ou só o chato do João
3. Quando tentamos telefonar para restabelecer o contacto, já mudou provavelmente de operador telefónico ou, no mínimo, de estado civil
4. O interesse que nos levou a anotar o contacto, diluiu-se nos barris de cerveja que ele bebeu entretanto.
5. A disponibilidade que ele tinha há dois meses, é isso mesmo: tinha. Porque agora arranjou uma namorada em Lisboa, ciumentíssima que não o larga ( pudera, com a falta que há para aí!..)
Por todas estas razões não esperes milagres com o meu livro de endereços. É que a espécie humana refina com a idade: o bom e o mau. Os maus ficam piores e os bons, muitaaa bons!E o nosso grau de exigência aumenta. O que nos servia, porque tínhamos muita vida para viver, já não nos satisfaz porque valorizamos enormemente os nossos tempos e sabemos cada vez melhor o que queremos.
Contentarmo-nos com a terminação, sem jogar para a sorte grande?
Nã!
Continuemos a apostar, porque ela sai todas as semanas, e como diz alguém que eu conheço: