/>


'Tou que nem posso


... graças e desgraças


quarta-feira, 29 de outubro de 2003



O CUSTO DE VIDA
 
OU
O CUSTO DE VIVER

Que está tudo pela hora da morte, já sabemos. São os aumentos da água, do pão, do bife, dos sapatos, do andante. Está tudo caríssimo!
É o custo de vida que é elevado.

Para lhe fazer face, compete-nos trabalhar, produzir, herdar uma boa fortuna ou jogar na lotaria.(Casar rico também dá, mas tem custos indirectos muito elevados)


Mas o que realmente tem um custo difícil de contabilizar é a própria vida : o custo de viver.

Não disse que custa caro viver. Não. A contabilização do custo da vida é que está longe de ser clara, transparente e objectiva. Não é caro, nem é barato. Tem, isso sim, muitas linhas para as duas colunas do “Deve” e do “Haver”.

Fazia este manhã um balanço sintético da minha vida. Preenchi mentalmente linhas intermináveis do ” Deve”, consciente das dívidas que tenho para com a família , os amigos e comigo mesma.

Sobressaltei-me com o número de páginas que acabei preenchendo, preocupada com o saldo final desta conta.(Também já são muitos anos de vida. Menos dos que diz o meu filho, de qualquer maneira!!..)

Mas não me preocupei só no fim. Não. Fui-me preocupando de cada vez que inscrevia um débito, de cada vez que me lembrava de um depósito antecipado, de cada vez que mudava de coluna para reivindicar um Haver.

E concluí que o custo de viver não está explícito, nem sequer implícito, no saldo final. Ele está nesta gestão constante de linhas e colunas. Na capacidade que cada um de nós tem de saber a coluna que está a utilizar em cada momento, bem como de saber viver com os seus deves e haveres.

O custo da vida está na sabedoria e na humildade com que assumimos os nossos “Deve” e a generosidade com que lidamos com os nossos “Haver”.

Dizem os livros que o ideal seria devermos aos nossos credores tanto quanto nos devem os nossos clientes.

Para os certinhos (?) desta vida, e todos aqueles que se podem dar a esse luxo, a coluna do “Deve” está a zeros e têm sempre qualquer coisa a cobrar dos outros.

Para os apaixonados do arame, deve-se muito e cobra-se sempre antecipadamente o que nos devem. É a técnica do depósito antecipado para com os outros. E a do viver por conta, naquilo que nos diz respeito.

Opções contabilísticas à parte, quero pagar: seja cash na hora, a trinta dias, ou até fazer pagamentos por conta; sem nunca fugir às minhas responsabilidades, sem nunca me comprometer para além das minhas posses.

No que me toca, quero que na minha coluna do “Haver “ possam ser inscritos o respeito, a amizade, o amor e o carinho de todos aqueles que são os meus verdadeiros credores.

Simplesmente Maria
(olhando para o seu umbigo)


posted by: 1 dos 2 / 17:50
#






ÚLTIMAS ENTRADAS



ARQUIVO
setembro 2003
outubro 2003
novembro 2003
dezembro 2003
janeiro 2004
fevereiro 2004
março 2004
abril 2004
maio 2004
junho 2004
julho 2004
agosto 2004
setembro 2004
outubro 2004
novembro 2004
dezembro 2004
fevereiro 2005
maio 2005
julho 2005
agosto 2005
novembro 2005
dezembro 2005
janeiro 2006
fevereiro 2006
março 2006
abril 2006



Outras (des)Graças

A Tasca da Cultura

Classe Média

4025 km a Leste

Já sou grande



GoogleNews

This page is powered by Blogger. Isn't yours?




Locations of visitors to this page