/>


'Tou que nem posso


... graças e desgraças


terça-feira, 30 de setembro de 2003



Carta Aberta a uma mosca
 
Acho que não estou a exagerar quando afirmo que acabo de viver um dos momentos mais bonitos de amizade que provam que afinal vale a pena… vale a pena continuar a ser a contestatária, a rebelde, a má consciência, a inconformada, a irreverente, a exigente, a incómoda, em suma “a chata”.

Quando te ouvi a “zunir” à minha volta, pensei: “Oh! Só me faltava esta agora! Não posso distrair-me um minuto, entreabir um bocadinho que seja, a janela da minha casa, para entrar a achar que foi convidada”.

Mas, reconsiderei… afinal já nos conhecemos há tantos anos, se entraste foi porque sentiste que nesta minha casa nunca serás uma intrusa. E sim, é verdade que fui eu quem abriu a janela. Dalguma forma, talvez até inconscientemente, devo tê-lo feito para que tu, se estivesses atenta no meio dum dos teus voos frenéticos de passagem rasante à minha janela, reparasses que esta estava aberta , te apetecesse entrar, resolvesses ter um tempinho para me fazer uma visita…
Se alguma vez dei a impressão que estavas a devassar a minha intimidade… Ora! Já me conheces, no dia em que isso acontecesse estavas a levar com uma dose de Sheltox, em cheio entre os olhos!

Bzzz! Bzzz!

Admito, admito que demonstro que os meus princípios e valores são dissonantes com o “livro adoptado”; daí a serem propositadamente diferentes…Ora! Já passei a idade da contestação só pela contestação.

Indiferente às regras dos Homens? Essa é forte! E eu a achar que podia ser antes considerada Crítica às regras impostas

Respeitadora das regras de Deus? Se o sou, é coincidência porque não as conheço.

E já agora, mais uma coisa: eu sou sobretudo intolerante (leia-se: exigente) com as pessoas de quem mais gosto. Com os outros? Quero é que tenham muitos filhos com óculos…!

Não é assim tão importante para mim, como parece ser para ti e para os com que me querem bem, responder-te se estou à espera de ser feliz se continuar assim. Não o seria com toda a certeza se baixasse o braços e desistisse. Isso já não seria estar aqui, era mais passar por cá, - sei lá, cheguei!

Nem se trata de separar o mundo em classes estanques, os leves para um lado e os pesados para o outro. Todos têm direito ao seu espaço e às suas escolhas, da mesma forma que também me assiste o direito de escolher como e com quem me apetece estar.

E isso dá-me o conforto de saber que posso dar o ar da minha graça sem que isso implique necessariamente momentos ocos ou vazios, de me sentir num plano superior- outra dessas e levas mesmo com o Sheltox!!!

E finalmente; fico triste por constatar que a minha resistência à tentação de “me deixar ir com a onda” pode redundar num acto de egoísmo da minha parte por, sem querer, não conseguir partilhar mais com os outros e sobretudo por ter criado junto deles expectativas que agora não consigo atingir.

Há coisas que me vou permitindo a mim própria dizer; uma delas é ter algumas máximas. A que agora eu prefiro é:

Sei que não posso mudar o mundo, mas o mundo também não vai conseguir mudar-me.

Se quiseres podes usar essa frase um dia; em vez de explicares às pessoas que eu teimei toda a minha vida em ser o pilar duma estrutura que só existia no meu imaginário, sempre é mais sintético escrever:

“Aqui jaz alguém que não conseguiu mudar o mundo…
P.S. Ela manda dizer que o mundo também não a conseguiu mudar!”



Maria - simplesmente


posted by: 1 dos 2 / 19:40
#






ÚLTIMAS ENTRADAS



ARQUIVO
setembro 2003
outubro 2003
novembro 2003
dezembro 2003
janeiro 2004
fevereiro 2004
março 2004
abril 2004
maio 2004
junho 2004
julho 2004
agosto 2004
setembro 2004
outubro 2004
novembro 2004
dezembro 2004
fevereiro 2005
maio 2005
julho 2005
agosto 2005
novembro 2005
dezembro 2005
janeiro 2006
fevereiro 2006
março 2006
abril 2006



Outras (des)Graças

A Tasca da Cultura

Classe Média

4025 km a Leste

Já sou grande



GoogleNews

This page is powered by Blogger. Isn't yours?




Locations of visitors to this page