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'Tou que nem posso


... graças e desgraças


quarta-feira, 3 de setembro de 2003



A rentrée
 
Atribulações de umas férias diferentes.
Como ficar cansado, não gastar muito dinheiro e desejar voltar ao trabalho.

Siga passo a passo os conselhos de quem sabe e não há que errar.

Primeiro - Indispensável - ter um ano mau, daquele género que não consegue resumir em 3 linhas em que é que ocupou o tempo que vai dum Agosto a outro Agosto. Esta permissa é pois fundamental para questionar se se justifica ir gastar uma fatia das suas reservas financeiras, ao abrigo da má consciencia que nos diz, em anos anteriores "não tenho dinheiro para isto, mas, porra, bem que mereço uma viagem!!!"

Segundo - Comunicar a todos os amigos e familiares que não vai sair da cidade. É o sucesso garantido para ser inundado de solicitações que invariavelmente começam por "uma vez que ficas por cá, já agora..."

Terceiro - Achar que vai ser a oportunidade única de tratar das coisas que durante o resto do ano não tem tempo; o candeeiro avariado, a porta do armário que não fecha, o quadro que precisa de uma moldura nova, a revisão anual dos dentes, o barulho do motor do automóvel, a bateria do computador, as almofadas novas para o sofá... Em pleno Agosto, é mais uma vez garantido que vai andar com essa preocupação todos os dias sem conseguir pôr um "visto" na lista que tão alegremente elaborou. É que: o electricista não atende, a carpintaria fechou, a galeria de arte "só em Setembro", o dentista nunca tem um "ano mau", o informático, que teve um ano mau, não tem a peça em stock, a loja que tem o tecido que "vai mesmo a matar com a cor do sofá", tem colado na porta o eterno A4 invariavelmente assinado pelo gerente que insiste em nos tratar por "estimado cliente" para logo a seguir e com palavrinhas mansas nos mandar à merda e voltar quando ele regressar de férias.

Quarto - Não esquecer que a mulher a dias não vai ter a mesma opção. Como tal, há que lhe dar as férias de lei, incluindo o respectivo subsídio para ficar você a braços com aquela terrível responsabilidade, da qual até já se tinha esquecido, de garantir que não se acabam as cuecas lavadas na gaveta, de aspirar o tapete da sala, de limpar o pó, e, sobretudo, de passar a ferro a pilha de roupa que se vai acumulando sem se dar conta. Para este item, conte aliás com pelo menos dois dias por semana para não sentir que o caos se instalou em sua casa.

Quinto - Por esta altura começam a dúvidas se de facto tomou a decisão acertada... Reaja! Aceite tudo quanto lhe propõem. Fins de semana relâmpago - sim, porque você tomou a decisão inabalável de não partir -e sobretudo jantar fora. Não faça contas: vai chegar à terrivel conclusão que grande parte do orçamento que seria destinado às férias vai ser canalizado para gasolina, portagens, refeições e contas telefónicas para ir sabendo como estão a correr as férias dos amigos.

Sexto - Cair na asneira de estar com os amigos que resolvem visitá-lo em sua casa. Obviamente eles estão de passagem, eles sim, viajaram, logo, ao fim de algum tempo será inevitavel que seja você a levá-los ao aeroporto ou ao comboio vendo-se assim no papel terrivel do que se despede mas que fica. A lágrima no canto do olho é mais difícil de conter, isso é garantido. Para não falar no vazio que instantaneamente se instala quando regressa a casa e, por uma vez, achar que dispõe de espaço a mais.

Sétimo - Quando, ao fim deste tempo, chegar à conclusão que tomou a decisão errada... desengane-se. É que o telemóvel que esteve anormalmente silencioso durante este período, resolve começar a dar sinais de vida. Quem, ao contrário de você, foi realmente de férias, está de volta e sem paciência para ouvir que você está cansado... de não fazer nada! Ao fim e ao cabo, se não foi de férias foi porque não quis!!!!

Maria Simplesmente


posted by: 1 dos 2 / 23:49
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