Esta semana, mantive-me propositadamente arredada.
Foi uma semana particularmente funesta em que a ironia típica que marca aqui a minha presença deu lugar a outro sentimento: a tristeza.
Quis o acaso que dois amigos meus, que nada têm em comum e que nem se conhecem, sofressem, com apenas algumas horas de intervalo, o desgosto que é perder alguém.
E eu sofro com eles, não a perda em si, que só eles poderão sentir, mas por ter que assistir à dor que vi, que senti, que adivinhei no olhar que longos anos de convivência e amizade me ensinaram a decifrar.
E com eles chorei. Porque sim, porque sabia que nada podia fazer ou dizer que lhes devolvesse o que eles mais queriam e que irremediavelmente acabam de perder.
Nada lhes disse, apenas me mostrei presente; na ilusão de que pudessem eles também adivinhar-me o pensamento e saberem o quanto dói viver a impotência que é assistir à dor dum amigo sem nada poder fazer para a eliminar.
Alguém me disse que não existe tradução noutra língua para uma palavra tão cheia de significado como é a palavra Saudade. E sentir saudade, de facto, não tem tradução possível.