Sobre calma, paciência, tranquilidade e tolerância.
Marias. «Tenham calma».
Tranquilidade. Isso queria eu ter. Maldivas? É pena ser tão longe. Pôr o mundo em “mute” talvez fosse exagerado mas reduzir-lhe o volume até que não seria de todo má ideia. E que tal mudar de canal?
Calma e paciência. Nem sempre andam juntas, lá isso é verdade. Às vezes até andam às avessas e quando se procura uma, à falta da outra, então é que o caldo entorna. E lá se vai a tranquilidade. De todo.
A calma é boa mas quando é nossa. Quando nos querem impingi-la o caso muda de figura. Haverá coisa mais irritante do que um «tem calma» desferido quase sempre à queima roupa?
Paciência. Há vários tipos. Há o «tens de ter paciência», cabisbaixo, resignado, tipo coitadinho(a), não há nada a fazer. Essa sim é passiva, desprezível, dedos na garganta até ao fundo, não há cú que a aguente. Mas há também a “paciência que é preciso ter…”, geralmente acompanhada por forte e ruidosa exalação e olhar cortante. Essa é activa. Usamo-la e a adrenalina jorra. É melhor que rodeo mexicano. Se pudesse matava alguém. Só que neste caso surge quase sempre frustração. Porque na verdade não posso. Se bem que depois poderia, quem sabe, vir um longo período de tranquilidade.
Agora tolerância é que eu não tolero. A palavra. Não a definição da Maria. Uma das duas. Ou das duas uma. Essa achei óptima. Dá vontade de decorar. Agora a palavra em si… Poupem-me. Tolerar é fazer um esforço, é deixar aos outros a liberdade de exprimirem opiniões que julgamos falsas e de viverem com tais opiniões, condescendo e, sem dar conta, estamos a ser pacientes. E a ter calma.
O melhor é a tranquilidade. Maldivas? Nunca lá fui mas tenho a certeza que lá não seria preciso colocar as palmas da mão em posição de espelho e aproximá-las até que toquem os dedos uns nos outros e depois dizer, com ar esgazeado, «é preciso ter calma». Nem me parece que haja necessidade de ser paciente. E, por consequência, tolerante.