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'Tou que nem posso


... graças e desgraças


segunda-feira, 22 de dezembro de 2003



Entrevista com o Pai Natal (ii)
 
Na primeira parte da entrevista, o Pai Natal ficara a meio da sua resposta à minha pergunta sobre pedidos que considerava verdadeiramente únicos.

P.N. - … curiosamente, tem sido do seu país que têm surgido alguns dos pedidos mais extraordinários e mais difíceis de satisfazer.

M. - Por exemplo?

P.N. - Tem havido de tudo. Temos lá um pedido de submarinos e de carros blindados, lembro-me também de outro, fartei-me de rir, de combóios de alta velocidade, há ainda um outro, muito recente, seria para o próximo ano, de um guarda-redes que me pediu muito para ser seleccionado. Só se esqueceu de nos dizer para quê.

M. E qual foi a sua decisão em relação a esses pedidos?

P.N. O Pai Natal não decide sozinho, pelo menos quando se trata de pedidos destes. As solicitações normais, sobretudo as das crianças, são atendidas de forma quase automática. Quase todos recebem o que pedem, enfim, na medida das possibilidades. Felizmente, há imensas coisas que nós, agora, despachamos via internet. Agora, coisas como as que referi têm de ir a Conselho Natalício.

M. Mas o senhor é que tem a decisão final, ou não?

P.N. Não. Deixe-me explicar. O Pai Natal não é só um, como já deve ter percebido. Nós somos assim uma espécie de organização multi-lateral com um sistema de presidência (com o indicador e o médio de ambas as mãos o Pai Natal abriu e fechou aspas), rotativa mais ou menos como aquele que vocês têm na União Europeia. A diferença é que, no nosso caso, o mandato do Pai Natal tem a duração de um ano, terminando no dia 6 de Janeiro…

M. Porquê a 6 e não a 1?

P.N. Por causa dos espanhóis… Mas ainda sobre o processo de tomada de decisões, é simples. Todos os anos se realiza um reunião do Conselho Natalício e é lá que se tomam as decisões verdadeiramente importantes. Por maioria. Por vezes há necessidade de reuniões extraordinárias do Conselho. Este ano, por exemplo, já tivémos duas: uma por causa da Guerra no Iraque, outra por causa da Taça América.

M. Bem podia ter-nos dado uma ajudinha…

P.N. Em qual delas?

M. Na Taça América. Aquilo foi uma decisão política e lá por o Rei de Espanha ser um amante da vela…

P.N. É, aliás eu também sou, mas como compreende não podemos ser sempre a favor do seu país. Faz lá ideia do que foi arranjar-vos o Euro 2004? E este ano vocês pediram - e tiveram - a Cimeira dos Açores. Os espanhóis ficaram com a taça… Bom, parou de chover, as minhas renas já descansaram o suficiente, é melhor ir andando.

Tal como há uns anos, quando se ia ao aeroporto despedir de alguém e se esperava até o avião descolar, fiquei por ali até o Pai Natal partir. Quando deixei de ver as luzes do trenó voltei para o carro. Só quando deitei a mão à porta percebi que o Pai Natal me tinha dado qualquer coisa.

Era um cartão de visita. A vermelho, sombreado a verde, tinha apenas duas palavras inscritas: Pai Natal. Por trás, à mão, as palavras “feliz Natal”.

E um número de telemóvel.

Manuel


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