Um amigo meu costumava dizer: o melhor que há nas zangas é que depois fazem-se as pazes.
Não podia ser mais verdade; quando existe zanga, quando somos feridos “de morte” mas reagimos, quando o dizemos alto e com a emoção bem ao rubro.
Nessa hora não calamos a nossa espontaneidade e é com o dedo em riste que acusamos “Olha que isso não se faz!”. E se a razão nos assiste – pelo menos em parte porque há sempre mais do que uma forma de ver as coisas – esperamos a resposta do outro lado.
Não se espera a tradicional “desculpa lá!” ou a “foi sem intenção”. Mas espera-se qualquer coisa. Tudo menos o silêncio.
Às vezes há de facto desencontros, quando a outra parte bate em retirada “à espera que passe”.
Outras vezes há felizes reencontros, quando nos mostram que ainda nos podem surpreender, sem uma palavra sobre o assunto mas apenas com um gesto, com um abraço dois dias depois e com uma frase que, dependendo da forma como é dita, significa mais do que mil desculpas: “Sabes que gosto muito de ti, não sabes?”
Neste momento, contabilizo um empate. Nos tempos que correm, já não é mau.