Não há muito tempo, dissertava-se aqui, nos tempos em que a Simplesmente Maria pertencia aos quadros, sobre a desgraça que é ser solteira e desimpedida nos tempos que correm.
Ontem, enquanto conversava com uma amiga de longa data, não pude deixar de reparar na expressão triste no seu olhar. Não foi fácil conseguir que ela me confessasse o que lhe ia na alma, o quê ou quem era o responsável por aquela tristeza.
A custo desabafou: motivos profissionais levaram a que o companheiro com quem vive há cerca de 4 anos, tivesse que ir viver para outras paragens por um período de tempo nunca inferior a 1 ano. Decorreram 5 meses e já são patentes os estragos: desamparo, solidão e, pior de tudo, as dúvidas.
Senti a consciência pesada. Na minha dissertação sobre o estado da nação das mulheres maduras, independentes e oficialmente disponíveis, pouco ou nada me preocupou os sentimentos dessas mulheres, as que não têm rosto mas existem, que têm um nome próprio e a maior parte das vezes o mesmo apelido. Estava eu demasiado centrada em mim, que nem me apercebi da minha crueldade. Esqueci-me, inclusivamente, do tempo em que era eu quem habitava do “outro lado”.
Pode não parecer muito importante, mas fica aqui, e para “memória futura”, o meu apreço e a minha solidariedade para com quem sofre por sentir que o ou a companheiro/a não partilham da mesma forma o conceito da palavra “fidelidade”.