A sociedade volta ao seu normal
Passada a quadra natalícia, as pessoas voltam a tentar ser melhores - consigo mesmas mas sobretudo com os outros - menos consumistas, menos egoístas, mais consciente dos seus deveres e do colectivo.
Os amigos voltam a ligar-nos para saber como estamos e não só para nos darem as “Boas Festas”. São retirados do canto esquerdo dos écrans dos canais de televisão as pirosas alusões ao Natal, da prendinha, do ramo de azevinho e outras que tais.
As ruas da cidade voltam a entupir-se de trânsito às horas consideradas de ponta – pior do que o inferno da “hora de ponta” é ter “ponta” a qualquer hora - as lojas e as repartições públicas voltam ao seu horário normal.
Os prazos voltam a ser desrespeitados não porque “se meteu o Natal e, sabe como é, é sempre uma altura má”, mas por pura ineficácia mesmo.
Os ginásios enchem-se dos culpados do pecado da gula penitenciando-se em esforços suados para perderem os 2kg supérfluos que ganharam juntamente com outros presentes igualmente supérfluos.
Os jornais voltam a anunciar a subida generalizada dos bens de consumo, enquanto que as lojas publicitam os saldos.
Os noticiários regressam aos escândalos, aos boatos, aos debates sobre o segredo de justiça, o déficit orçamental, a crise económica, o flagelo do desemprego.