A indecisão crónica é um mistério para quem não sofre dela.
Quem não mede cada passo com base nas possíveis consequências do movimento de cada pé e não tem fobia de alturas não terá razões para recusar saltar de um avião em queda livre. Se não o fez ainda terá sido por falta de oportunidade. Ora bem, não me tomem à letra com este exemplo. Aqui talvez haja uma boa e compreensível dose de receio, chamemos-lhe mesmo medo. Não sei se arranjaria coragem para um salto desses. Embora já tenha dado outros, porventura bem mais difíceis. Talvez acabasse por fazê-lo, indo, ou deixando-me levar, até ao aeródromo, só para ver como é. Coloca-se o pára-quedas, só para ter a sensação do peso, entra-se a bordo, só para ver a vista. Alguém há-de tomar a iniciativa de dar o empurrarão para fora do avião.
Depois ajustamos contas!
Já quem perdeu por completo o instinto que o levou a deixar de gatinhar e arriscar a postura vertical poderá ficar bloqueado só com o processamento, exponencial, bloqueador, por isso, de qualquer unidade de processamento, central ou periférica, das possíveis consequências de qualquer salto antes mesmo de sair de casa.