Às vezes sinto-me tentado a modificar um texto. Leio e acho que se fosse eu a assinar teria escrito de outra forma. Não digo melhor. Digo apenas diferente. Lembro-me da "História do Cerco de Lisboa" e do tipógrafo que com a exclusão de uma pequena palavra, três letras, um ditongo, trocou as voltas ao texto. Causou a maior das confusões.
A tentação não é plagiar. Isso haverá quem faça, traduzindo e melhorando «com muito amor e carinho». Eu citaria profusamente o(s) autor(es). Estaria a recorrer a um dos princípios básicos da natureza: minimizar gastos de energia. E também a experimentar, a ir mais longe, porventura. Ou a ficar aquém. Mas para quê reinventar a roda, neste caso o texto, se já alguém teve esse trabalho antes? O esforço seria dedicado a dar-lhe a volta, a olhá-lo de outro ângulo, invertido se fosse caso disso, a construir sobre obra já feita.
O problema é que há palavras que só fazem sentido de uma forma, numa sequência, por mais que se tente dar-lhes outra arrumação. Leio, releio, pouso, volto a pegar mas as palavras parecem uma espiral de ADN ou um cd com tecnologia anti-cópia.