Mentir é feio; calar é enganar a verdade. Haverá alguma diferença?
Aprendi a calar. Será que não mentindo estarei a enganar?
Se formalmente não minto, engano, e se não engano ninguém, estou a enganar-me com certeza.
Não procurei o engano, o engano encontrou-me. Recuso a mentira ao mascarar a verdade.
Exerço afinal o que durante muito tempo me magoou. Consigo inexplicavelmente conviver com duas meias verdades sem querer reconhecer que são duas boas mentiras.
Viver com uma só mentira causou-me tanta amargura que me fez reagir, esbracejar e provocar a rotura. Inexplicavelmente, dou comigo a pactuar pacificamente com o plural.