«A gota de água que terá feito transbordar o copo foram os ataques da oposição», assim noticia o Diário de Notícias a demissão de um ilustre membro do governo da República. «De acordo com as fontes contactadas pelo DN, o ministro saiu visivelmente extenuado» de uma reunião na Assembleia da República, «tendo mesmo tomado um café com dois pacotes de açúcar durante a reunião» (sic.).
Pedem-me sacrifícios. A mim, pessoalmente.
De frente, olhos nos olhos, o senhor primeiro ministro pediu sacrifícios. Eu vi e ouvi. Foi a mim que ele se dirigiu. Digam o que disserem, eu vi ali um toque pessoal.
É por isso que este ano não vou de férias em Agosto. Esta minha decisão nada tem a ver com o facto de não ter ninguém que me substituisse se quisesse ir de férias em Agosto e, caso fosse, tivesse de fechar as portas de um serviço público que não pode fechar portas.
Não.
Estou apenas, e só, solidário.
Quatro meses, seguidos, a trabalhar é muito tempo. Esgotado, o senhor ministro pode agora ir de férias tranquilo. Até porque não terá de continuar a acumular uma reforma e um vencimento.
Quanto às minhas férias, limitar-me-ei, em Agosto, a tomar cafés com pelo menos dois pacotes de açúcar.
Dois pacotes, senhor primeiro ministro. Até os sacrifícios têm limite.