Um gesto que se faz todos os dias, várias vezes por dia. Meter a chave na ignição e dar meia volta. Há quem viva com medo de o fazer, há quem pague a outros para o fazer e só depois é que entra no carro. Nunca tive e espero nunca vir a ter problemas desses.
Ontem, ao dar a tal meia volta ouvi um ruído estranho, diferente do habitual, nada que ver com um motor de arranque a forçar pistões. A combinação de sons mecânicos dignos de um filme de George Lucas fez-me rodar a chave no sentido inverso, hesitar, saír do carro e procurar a razão, como se o mais natural fosse ver Dart Wader por ali. Nova tentativa, nada de barulho, o motor pega à primeira, a luz da bateria acende-se e mantém-se acesa, a lâmpada que indica a necessidade de ir até à oficina acende-se também. Começo a pensar que chegou novamente o Natal e espero. Do mal o menos. Duas luzinhas acesas. Leva-me à oficina, please.
Desisto da viagem, volto para casa disposto a tratar do meu fiel companheiro sobre rodas com a maior rapidez. Levo-o à oficina, espero que um assistente me atenda, que é feito dos mecânicos, a correia de transmissão está fora do lugar, é melhor verificar porque é que saltou, pode ter sido um gato. Um gato? Um gato! A minha expressão fez o mec... assistente dar-me um encontrão e sorrir «não se preocupe, não aconteceu nada ao gato senão isto estaria cheio de sangue por todos os lados». Encorajador, «não, o bicho ficou só pelado» e tirou uma mão cheia de pelo cinzento do alternador.
Se apanho o felino, então é que o bicho vai ver o que é ficar sem pelo.